Terminados de ver dois filmes americanos de terror ao invés de um bom momento televisivo fica-se com aquela sensação de "porcaria" no ar. :poop:
"Perkins 14 - Criaturas assassinas" (2009) e "Amityville - a mansão do diabo" (2005), este último tido como uma história verídica, foram os filmes visionados. É incrível como a fórmula para contar estas histórias é sempre a mesma. Sonoramente e visualmente. A narrativa é sempre igual, os efeitos especiais também, as histórias e as circunstâncias são as mesmas. Só muda o nome mas a "produção" é sempre igual.
Comecemos por Amityville, supostamente verídico. A história é sobre (pasme-se) um casal com jovens filhos que se muda para uma mansão assombrada. Até agora nada de novo certo? E continua assim. O homem fica possuído, os miúdos vêm coisas e claro, a menina mais nova tem uma nova amiguinha, que só ela vê e com quem ela conversa. Uma menina fantasma, pois foi morta naquela casa anos antes. Só ela a consegue ver e dialogar, mais ninguém. Até agora têm acompanhado a história? Claro que sim, é idêntica a centenas de outras, ainda que "verídica".
Mas o que realmente chateia nestas produções à americana é que tudo sempre acontece de noite. Às escuras, como se o espectador não tivesse direito a enxergar nada. Em Amityville todas as cenas passadas no interior da casa, mesmo de noite, são despojadas de luz artificial. Parece que as assombrações gostam muito de electricidade, caramba! Não há filme em que uma lâmpada resista. O mesmo acontece (e à descarada) no filme "P. Criaturas assassinas". Além de ser uma grande bosta (embora o final seja diferente porém previsível desde o início) todo ele é pouco credível. A história gira em torno de um policial atormentado com o sumiço de 10 crianças há 10 anos, sendo uma delas o seu filho. Nisto, numa noite (porque de dia nunca é) inadvertidamente ele liberta para a cidade 10 "criaturas" humanas que durante 10 anos haviam sido transformadas em monstros. Agora que isso lhes tenha conferido poderes sobrenaturais é que não se consegue engolir. O simples corpo humano resiste a uma chuva de balas, a atropelamentos, a pancadas, etc. Nada verosímil. E são criaturas vorazes, sabe-se lá porque razão, só sabem matar pessoas e preferencialmente à dentada ou facada (lá arranjam sempre armas de fogo ou armas brancas). Nisto vê-se muito e muito «sangue», muito vermelho e as cenas escuras só passam a ter claridade quando o realizador quer mostrar esse sangue pelas paredes, pelo chão, pelo tecto e, acima de tudo, por toda uma pessoa, vítima ou sobrevivente. São criaturas tão mortais que as vítimas caem mortas como se não soubessem se defender e atacar. Uma cidade inteira fica em pânico e serve de festim para estas bestas. Entre tantas armas ninguém as sabe usar quando é preciso. Mas que existem tiros, isso existem. Nunca são é eficientes porque qualquer uma das criaturas consegue, até as matar de vez, tirar das vítimas vários gritos simultâneos, em plenos pulmões, quase todos eles femininos e apenas uns poucos masculinos, que sempre surgem do rapaz que estava desprevenido ou daquele que se mostrou cobardolas ou fez demasiados avanços sexuais a uma rapariga. Neste tipo de filmes os rapazes que vão servir de "menu" aos assassinos t~em de demonstrar anteriormente actos moralmente repreensíveis ou simplesmente revelarem-se uma "besta covarde" ou sem moral, para que assim a "plateia" possa não ter compaixão pela morte deste e ainda dizer: "Bem feito!". Em "P. Criaturas Assassinas" se a filha do protagonista gritasse mais uma vez "pai, entra no carro", acho que desatava a chamar nomes à televisão ou mudava logo de canal, sem aguentar mais tanto exagero e estupidez. Foi mais de uma dúzia de vezes seguidas! E claro, o homem não obedece e não escuta e a idiota da filha também precisa de sair da viatura para lhe dizer isto... enfim, sempre a mesma situação.
Mas mais irritante é a suposta "autenticidade" do drama sobrenatural de "Amytville". Tudo bem, até «acredito» no caso por já ter assistido a muitos relatos contados pelos próprios protagonistas e não por actores, mas a narrativa deste filme não é nada surpreendente, é igual a todas as outras.
O que mais irrita é a inverosimilhança temporal do final do filme. A esposa salta bem cedo da cama e entra na biblioteca para pesquisar informações nos jornais ainda esta não está no horário de abertura. Mas rompe por ali adentro e encontra logo o que quer, mesmo não sabendo a data da tragédia. Mas vamos supor que alguém na biblioteca lha indicou. Afinal, a casa onde mora tinha sido palco de um assassinato em massa, o ano, mês e dia desse evento deve ser fácil de descobrir. O problema é que, tirando um desvio em que vai trocar meia dúzia de palavras com um padre local, sem ter tomado pequeno almoço ou almoço sequer, ela demora a manhã e a tarde inteira até finalmente chegar a casa. Mesmo estando com pressa em solucionar as coisas e tirar a família dali são, na melhores das hipóteses ONZE horas que ela precisa que o relógio conte desde o instante em que entra na biblioteca até o momento de regressar à casa assombrada.
Quando finalmente chega a casa, o marido já está no seu surto possuído, querendo matar tudo e todos e infelizmente neste preciso instante é de... adivinharam, é de noite! Nem sequer existe luz artificial pois, adivinharam também, todas as lâmpadas, em todas as divisões da casa, começam a oscilar e a falhar. Impressionante como aquela família teve de correr e fugir das investidas agressivas e dos tiros, sempre no escuro, e de estômago vazio! Quando o agressor fica inconsciente, é posto num barco e todos se afastam depressa da casa. E sabem o que mais? Já conseguem adivinhar o que se segue? Pois não é difícil... já é praticamente de dia. No exato momento em que o barco está longe, nota-se o amanhecer, como um passo de mágica. Ora bolas! Foi necessário uma noite inteira para escapar daquela mansão, umas ONZE horas!! Que terrível deve ter sido, correr e fugir durante 11h consecutivas de alguém que nos persegue com intuito de matar. Nem uma mansão como aquela deve ter tanto cómodo para tanta correria e destruição.