quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

12 Anos escravo

Filme: 12 anos escravo (2013)
Avaliação: 6 estrelas (1 a 10)

Terminei de ver este filme e devo dizer que não foi "tão bom" quanto supostamente poderia ser. Esperava que a história me grudasse a atenção de uma forma hipnotizante, pensei que não me deixasse querer deixar de olhar e me envolvesse tanto, mas tanto, que sempre desejaria ver o que acontece a seguir. Tive estas sensações noutros filmes que vi antes deste, mas não com "12 anos escravo".

Penso que está overrated, sobrevalorizado. Como tanta vez acontece quando uma obra atrai pelo tema, pela sensibilidade ou pelo alarido em torno do artista que nela participa.

Não deixa, contudo, de ser uma boa história. Que atinge o "âmago" da ferida america - a escravidão NEGRA, mais ainda durante o período em que a América tem um Presidente negro, uma primeira-dama e uma família com duas filhotas. A América está a criar uma espécie de "ovo de columbo" com o tema. É engraçado, não são tão «sensíveis» com o tema dos índios - que praticamente exterminaram das amplas planícies. Dificilmente chegará a presidente um índio mas, dependendo bem das misturas ascedentais, nisto da política por vezes é mais valorizado a ascendência etnica que as competências*.

O filme em si está filmado a um ritmo que não me cativou. Cenas algo longas, algumas sem diálogo, só com um grande plano do rosto do ator principal, que só ali estão para servirem de espaço para o espetador divagar. São demasiadas divagações, são demasiadas cenas que se estendem por demasiado tempo que pretendem passar mensagens sem diálogos e são totalmente dispensáveis. E se formos a pensar com isenção, nada do que é visto no filme ainda não nos tinha sido apresentados em muitos e muitos outros com o mesmo tema. 

Mas porquê divirjo? Porque tanto há a dizer sobre o tema que é a escravidão. E o principal que me apetece dizer é que me revolta a forma como esta tem vindo a ser retratada, década atrás de década, pela industria da ficção. Televisão, cinema, obras literárias... está a criar-se um tema "sensível" e a querer incutir sentimentos de culpa ou culpabilização de acordo com cores de pele. E isso me incomoda por diversos motivos. É uma reacção em cadeia e o que o cinema mostra é uma perspectiva - quase sempre a mesma, que faz com que as consciências pensem todas por igual, como a realidade fosse só o que o cinema mostra. Não é. Por vezes era muito pior, por vezes não era tão pior. Era livre de ser diferente conforme os casos - e é isso que escapa ao cinema, que pretende sempre um bom melodrama e tem um historial de distorcer factos reais com o único propósito de empolgar a inventada.

A escravidão não é, infelizmente, algo erradicado. MAS ALGUÉM PENSA NISTO quando vê mais um destes filmes?
Digam-me lá se estão a pensar no presente quando assistem a um filme que retrata a escravidão nestes moldes. O pior é que, os que pensam, não estão a trazer o que deviam para o presente. Os que pensam trazem rancor, ou culpa, baseada na cor da pele. Já assisti ao perpetuar de tudo o que está errado porque insistem em manter uma divisão de "cores de pele". E filmes que ainda retratam só este lado da escravidão, me incomodam por saber o quanto contribuem para manter esta divisão. Não devia, mas faz exatamente o que se devia combater. Incentiva ao ódio, faz mentes mais fracas achar que qualquer problema que tenham com alguém de certa "cor de pele" é prova de racismo e faz com que outras sejam realmente tratadas com desdém e desprezo pela cor de pele que carregam. Como se, historicamente, uns tivessem de "pagar" e a outros tivessem de ser pagos. Como se, alguém, actualmente, que não tenha passado por alguma espécie de privação mínima para que possa compreender o que poderá ser a escravidão, tivesse LEGITIMIDADE para tomar dores de outros, dores reais, tornando-as suas sem sequer saberem do quê se pretendem tornar «justiceiros», nem entendem que as «armas» escolhidas são as mesmas que infligiram sofrimento a todos os que, no passado, sofreram da injustiça da descriminação, aprisionamento, escravidão.

Divago, eu sei. Mas vou deixar ficar cada palavra que escrevi nestas linhas. Podem não estar muito concisas e certamente não estão sintetizadas. Mas falam algo. Algo que uns não conseguem ver.

Sobre a escravidão, ela nunca teve exclusividade de cor de pele. Mas mais importante do que perceber que ela não foi sempre discriminatória, é perceber que ela AINDA CONTINUA. Por aí, nestas muitas partes do mundo... quantos e quantos não são escravos? Jovens, crianças, velhos, brancos, amarelados, louros, morenos, africanos ou não africanos, a escravidão ainda continua e já existia até antes mesmo do ano de Cristo. Não é algo exclusivamente africana. Foi uma parte a determinada altura muito massacrada, mas focarem-se só em África é um desrespeito por todos os outros cotinentes e todas as outras regiões onde a escravatura também devastou famílias, destruiu regiões e exterminou povos inteiros. Isso me incomoda. Que se "enterre" o sofrimento de muitos, a perda de tantos, porque se foca nuns. E me incomoda, como disse, que hoje em dia, sabendo tudo o que sabemos, ainda se fazem de crianças e mulheres escravas sexuais e estas nem têm de ser pobres ou ignorantes, jovens mesmo de outras culturas mais desenvolvidas são atraídas sobre falsos argumentos e aprisionadas em situações de escravidão extrema. Uma escravidão terrível e sem qualquer respeito pela vida. Em muitos sentidos, em alguns casos, ainda existia alguma dignidade a alguns escravos no passado, que foram parar às mãos de pessoas que os viam como posses mas também tinham uma visão cristã sobre o semelhante. Ainda que os achassem inferiores e uma propriedade, também alguns tinham compaixão e atos caridosos. Os que viveram assim foram mais afortunados que as que hoje vivem escravizadas num bordel a ter de atender clientes que têm permissão para ir "bem longe" ou matar inclusive. As diferenças não existem. Nem vale a pena comparar o que é igual no núcleo. A liberdade é o nosso bem mais precioso. Acho que é o maior. Tendo a sorte de se ter saúde, a liberdade é a maior conquista de cada indivíduo. E nem todos somos livres. Na realidade, poucos ou nenhuns. Mas aqui falo de outro tipo de falta de liberdade. Uma que nada tem a ver com condicionalismos mas que permite escolhas. A falta de liberdade mais atroz é a que remove o indivíduo de qualquer identidade e vontade. Nenhuma decisão, nada é feito porque quer. Nem sequer se mexer, andar, sair de um canto para ir para o outro. A escravidão no passado é de recriminar mas a do presente é pior, porque está viva e se alimenta da passividade e da indiferença que nasce do desconhecimento da existência da mesma.


(deve vir aí um presidente latino-americano, eleito principalmente por isso e mais nada).

domingo, 12 de outubro de 2014

Filmes de "Terror" Americano: porquê são todos previsivelmente iguais?


Terminados de ver dois filmes americanos de terror ao invés de um bom momento televisivo fica-se com aquela sensação de "porcaria" no ar. :poop:


"Perkins 14 - Criaturas assassinas" (2009) e "Amityville - a mansão do diabo" (2005), este último tido como uma história verídica, foram os filmes visionados. É incrível como a fórmula para contar estas histórias é sempre a mesma. Sonoramente e visualmente. A narrativa é sempre igual, os efeitos especiais também, as histórias e as circunstâncias são as mesmas. Só muda o nome mas a "produção" é sempre igual.



Comecemos por Amityville, supostamente verídico. A história é sobre (pasme-se) um casal com jovens filhos que se muda para uma mansão assombrada. Até agora nada de novo certo? E continua assim. O homem fica possuído, os miúdos vêm coisas e claro, a menina mais nova tem uma nova amiguinha, que só ela vê e com quem ela conversa. Uma menina fantasma, pois foi morta naquela casa anos antes. Só ela a consegue ver e dialogar, mais ninguém. Até agora têm acompanhado a história? Claro que sim, é idêntica a centenas de outras, ainda que "verídica". 

Mas o que realmente chateia nestas produções à americana é que tudo sempre acontece de noite. Às escuras, como se o espectador não tivesse direito a enxergar nada. Em Amityville todas as cenas passadas no interior da casa, mesmo de noite, são despojadas de luz artificial. Parece que as assombrações gostam muito de electricidade, caramba! Não há filme em que uma lâmpada resista. O mesmo acontece (e à descarada) no filme "P. Criaturas assassinas". Além de ser uma grande bosta (embora o final seja diferente porém previsível desde o início) todo ele é pouco credível. A história gira em torno de um policial atormentado com o sumiço de 10 crianças há 10 anos, sendo uma delas o seu filho. Nisto, numa noite (porque de dia nunca é) inadvertidamente ele liberta para a cidade 10 "criaturas" humanas que durante 10 anos haviam sido transformadas em monstros. Agora que isso lhes tenha conferido poderes sobrenaturais é que não se consegue engolir. O simples corpo humano resiste a uma chuva de balas, a atropelamentos, a pancadas, etc. Nada verosímil. E são criaturas vorazes, sabe-se lá porque razão, só sabem matar pessoas e preferencialmente à dentada ou facada (lá arranjam sempre armas de fogo ou armas brancas). Nisto vê-se muito e muito «sangue», muito vermelho e as cenas escuras só passam a ter claridade quando o realizador quer mostrar esse sangue pelas paredes, pelo chão, pelo tecto e, acima de tudo, por toda uma pessoa, vítima ou sobrevivente. São criaturas tão mortais que as vítimas caem mortas como se não soubessem se defender e atacar. Uma cidade inteira fica em pânico e serve de festim para estas bestas. Entre tantas armas ninguém as sabe usar quando é preciso. Mas que existem tiros, isso existem. Nunca são é eficientes porque qualquer uma das criaturas consegue, até as matar de vez, tirar das vítimas vários gritos simultâneos, em plenos pulmões, quase todos eles femininos e apenas uns poucos masculinos, que sempre surgem do rapaz que estava desprevenido ou daquele que se mostrou cobardolas ou fez demasiados avanços sexuais a uma rapariga. Neste tipo de filmes os rapazes que vão servir de "menu" aos assassinos t~em de demonstrar anteriormente actos moralmente repreensíveis ou simplesmente revelarem-se uma "besta covarde" ou sem moral, para que assim a "plateia" possa não ter compaixão pela morte deste e ainda dizer: "Bem feito!". Em "P. Criaturas Assassinas" se a filha do protagonista gritasse mais uma vez "pai, entra no carro", acho que desatava a chamar nomes à televisão ou mudava logo de canal, sem aguentar mais tanto exagero e estupidez. Foi mais de uma dúzia de vezes seguidas! E claro, o homem não obedece e não escuta e a idiota da filha também precisa de sair da viatura para lhe dizer isto... enfim, sempre a mesma situação. 

Mas mais irritante é a suposta "autenticidade" do drama sobrenatural de "Amytville". Tudo bem, até «acredito» no caso por já ter assistido a muitos relatos contados pelos próprios protagonistas e não por actores, mas a narrativa deste filme não é nada surpreendente, é igual a todas as outras. 

O que mais irrita é a inverosimilhança temporal do final do filme. A esposa salta bem cedo da cama e entra na biblioteca para pesquisar informações nos jornais ainda esta não está no horário de abertura. Mas rompe por ali adentro e encontra logo o que quer, mesmo não sabendo a data da tragédia. Mas vamos supor que alguém na biblioteca lha indicou. Afinal, a casa onde mora tinha sido palco de um assassinato em massa, o ano, mês e dia desse evento deve ser fácil de descobrir. O problema é que, tirando um desvio em que vai trocar meia dúzia de palavras com um padre local, sem ter tomado pequeno almoço ou almoço sequer, ela demora a manhã e a tarde inteira até finalmente chegar a casa. Mesmo estando com pressa em solucionar as coisas e tirar a família dali são, na melhores das hipóteses ONZE horas que ela precisa que o relógio conte desde o instante em que entra na biblioteca até o momento de regressar à casa assombrada. 

Quando finalmente chega a casa, o marido já está no seu surto possuído, querendo matar tudo e todos e infelizmente neste preciso instante é de... adivinharam, é de noite! Nem sequer existe luz artificial pois, adivinharam também, todas as lâmpadas, em todas as divisões da casa, começam a oscilar e a falhar. Impressionante como aquela família teve de correr e fugir das investidas agressivas e dos tiros, sempre no escuro, e de estômago vazio! Quando o agressor fica inconsciente, é posto num barco e todos se afastam depressa da casa. E sabem o que mais? Já conseguem adivinhar o que se segue? Pois não é difícil... já é praticamente de dia. No exato momento em que o barco está longe, nota-se o amanhecer, como um passo de mágica. Ora bolas! Foi necessário uma noite inteira para escapar daquela mansão, umas ONZE horas!! Que terrível deve ter sido, correr e fugir durante 11h consecutivas de alguém que nos persegue com intuito de matar. Nem uma mansão como aquela deve ter tanto cómodo para tanta correria e destruição.





quarta-feira, 16 de abril de 2014

Green Lantern - Lanterna Verde, o filme da DC Comics

Meia noite e meia não é a melhor hora para estrear um filme como o "Lanterna Verde" (2011), mas foi a escolha da RTP para a madrugada de quarta-feira dia 16 de Abril.

Filmes com temáticas de heróis americanos do imaginário de Banda Desenhada da DC Comics não são, nem de longe, os meus favoritos. Ainda mais para um horário nocturno a meio da semana. Mas dei uma hipótese a este Lanterna Verde que se inicia com uma história sobre uma raça de alienígenas.


Não me arrependi. Em poucos minutos entendi que o filme estava bem construído. O texto não desmerece, os efeitos especiais não são em excesso nem dominam desnecessariamente cada cena. Existe história, esta é bem contada e encaminhada. Gostei de imediato da relação de "Hall", o humano escolhido para receber a energia do falecido lanterna verde, com o seu amigo e companheiro de profissão Tom. Os dois interagem com cumplicidade e apresentam diálogos e situações verosímeis. Tem momentos simples de soltar gargalhadas, como quando os dois se divertem com os poderes que o anel faculta ou mesmo antes, quando o amigo vai buscar Hall do lugar do despenhamento da nave alienígena e responde que se Hall foi o escolhido, então no planeta do ET «responsável» deve significar parvo

Logo no início do filme Hall é-nos apresentado como um piloto de aviões de testes, com boa reputação proveniente do pai também ele piloto que faleceu num trágico acidente. Hall tem de participar num exercício de teste e além de chegar atrasado, brinca com o simulacro, causando grandes problemas e revelando irresponsabilidade e infantilidade. E é este o humano escolhido para guardião da paz nas galáxias?

Também foi refrescante a forma como as relações de arqui-inimigos e amigos foi apresentada. A relação de amor entre o herói e a mocinha Carol também está bem conseguida. Não se vê a dona do coração do herói em constante perigo de vida, a esguelar-se de tanto gritar de medo e por socorro. As situações em que um salvamento é necessário existem, claro, mas não parecem forçadas nem descontextualizadas. A mocinha faz mais na história do que estar sempre em perigo. Logo de início quando o herói ainda não sofreu a transformação, é ela que puxa por ele, chamando-lhe a atenção para o facto de ter de ser pontual para os seus compromissos e não poder ter tantos comportamentos egoístas e irresponsáveis. É ela que puxa por ele quando o sabe impugnado da responsabilidade de um laterna verde. Aliás, a cena em que ele lhe aperece no fato de herói e ela o reconhece assim que se aproxima dele, é fantástica. Finalmente alguém quebra com o ridículo que é um herói só por não ter óculos ou não usar uma mascarinha ficar irreconhecível... ela até deixa bem claro: «eu te conheço de todas as formas, eu já te vi nu. Achas que é uma máscara colada aos olhos que faz diferença?". Adorei. 

Numa cena de confronto entre forças antagonistas, a namorada chega a salvar o herói das profundezas das goelas do inimigo. Portanto temos uma mocinha que não é nem uma heroína da pancadaria que vai à loja mais próxima de spandex comprar um fato justo para se juntar ao seu amado na luta, nem uma heroína que só fica a gritar, a desfalecer e a submeter-se a situações de perigo de vida. Temos um intermédio, algo mais realista e mais refrescante.

Adorei o filme. Percebi a história do lanterna Verde, que desconhecia de todo. O filme consegue resumir o que deve ser uma história bem longa para quem a conhece da DC Comics


English version:
Half past midnight is not the best choice to startup a movie like "Green Lantern(2011), but that was RTP's  choice for the early night of wednesday, 16 of April. 

Movies with DC Comics characters are far away from my movie preferences but that was not a reason for me to change channel and not give this movie a chance. I do not regret it. 

The story starts with a alien life force being exterminated and in danger. And it is captivating. The story line does not turn off one's interest. In just a few first minutes I could see it was going to be a good, interesting movie. The dialog is well achieve, there's a clear and neat story and first of everything there ain't those Special Effects exasperation, that dominate scene after scene and are so boring to watch. There's a story here. And they let it shine. 

I immediately enjoyed the friendship between Hall and his «pall» Tom. The two actors made it very credible. I also laugh a few times with the gags that were said between them. Like the one Tom says about the alien choosing Hall to be the guardian must mean that in it's planet «responsible» must mean idiot. Also when the two of them start to see how the suit works it is funny. They behave like two school kids with a new neat toy. 

There's also the romantic relationship. That I found out of standard and enjoy it. "Carol", the girl Hall fancies, it's the first character to push him to act according to his responsibilities. Hall is a test pilot that jeopardizes a test because he just can´t stop himself of goofing on serious matter. She's also the first to motivate him to fight and embrace his new responsibilities has a green lantern fighter. She is not a romantic heroin that goes running into a spandex shop to jump into a spandex suit and embrace a hero place along her boyfriend. Also she's not the indefensive girl that is always screaming and in need of being rescue. In a very important scene she actually helps saving the hero's life from the mouth of the evil villain. And we were saved from stupidity when she recognizes the green lantern has being Hall in a green eye mask. Thank you for this! I enjoy all of this a lot. 

I enjoyed this movie. I understood the green lantern origins, that I did not knew at all. I believe it and had fun with it all. 

domingo, 15 de setembro de 2013

A patrulha de Bairro

A PATRULHA DE BAIRRO
Queria ter visto este filme antes mas vi pela primeira vez hoje, no canal TVC1.

 Do que se trata?
Quatro homens do mais estereotipado que existe formam um grupo de vigia para manter o bairro seguro de um assassino misterioso que remove a pele das vítimas. É aí que descobrem que as pessoas estão a ser mortas por extra-terrestres, que lhes roubam a pele para se disfarçar de humanos. Terror? Fantástico? Não. "A patrulha de bairro" é um filme de comédia. E comédia daquelas que se vê mas se se poder avançar um pouco no controle remoto nas situações cliché mais-que-vistas que não se perde nada. Vê-se uma vez, não se vai desejar ver outra, a menos que nada mais entusiasme.


O filme é OK para passar tempo mas está repleto, de início ao fim com todos os chavões a que estamos habituados nos filmes de hollywood. E quando digo chavões refiro-me a todas as situações e principalmente à forma como são retratadas, filmadas e escritas. Os quatro homens são compostos de estereótipos já vistos diversas vezes antes. Tem o casado sem filhos que é o "certinho" mas vai-se perceber que de todos é o que verdadeiramente tem reais dificuldades de ajustamento sociais que miraculosamente se resolvem no final, tem o boémio pai de família com a casa toda apetrechada de gadjets que fazem delirar qualquer gajo e nas mãos a educação de uma filha adolescente, tem o puto novo que não consegue arranjar gajas e vive na casa da mãe e, claro, tem o "elemento novo", aquele que acabou de chegar à área e se junta ao grupo vindo de fora. 

Não foi preciso avançar muito adiante na trama para adivinhar que o novo elemento ia revelar-se alienígena. E o filme não surpreendeu. Vai-se adivinhar: o novo elemento do grupo de amigos é um extraterrestre. A sério? OHhhhh a surpreeeesa!!

E para não fugir do que habitualmente sempre acontece nesta linha de trama, o que é que este extra-terrestre faz agora que virou "amiguinho" de uns palhaços humanos? Vira-se contra a própria espécie e defende a raça humana. De armas na mão e muitos tiros ajuda a eliminar a ameaça invasora e vai erradicar os seus que vieram para destruir o planeta. O que o fez mudar? Sexo, como sempre. Terem-lhe chupado "as bolas" fez a magia.


Tudo isto vem "embrulhado" nos clichés de sempre, com a habitual quase ausência do papel feminino das esposas, que aparecem somente no final só para abraçarem o marido. A única que se vê ao longo do filme não tem densidade e limita-se a ser uma personagem satélite, assim como a filha de outro personagem, que é também estereotipada. Ao todo pode-se contar com tudo o que já se viu antes, reciclado num novo enredo. Tem muitas explosões, muitos tiros. Tem um polícia estúpido e covarde que na hora do aperto "caga-se" todo. Tem cenas e cenas dos "heróis" em câmara lenta, a clássica explosão capaz de arrasar quarteirões mas que inexplicavelmente deixa ilesos os "salvadores do mundo" que estavam a poucos metros de distância e tem, como não podia deixar de ser, o clássico cena de beijo de incentivo (quando a "luta" vai começar) e o clássico beijo de recompensa (quando já mataram todos e saem vitoriosos) dado por uma personagem feminina ao herói principal masculino. Esta mulher, por ser plana, aceita com demasiada facilidade tudo o que lhe acontece, simplesmente porque desenvolver essa parte da trama ia atrapalhar a história focada no light-humor. 

domingo, 30 de junho de 2013

2 Filmes deste Domingo

Fazia algum tempo que não via um filme e depois outro, assim num mesmo dia, sem procurar nada em concreto ou ocupar em particular a mente.

Neste Domingo vi Stepord Wifes, de 2004, um remake de um anterior sucesso com grandes actores no elenco como Matthew Broderick, Nicole Kidman, Bette Midler, Gleen Close e Christopher Walker. O filme teve "más reviews" pelo que pude entender mas não é mau de todo. Direcção e guião podiam ser melhores mas tem boas interpretações, existe um conceito que é universal que lhe dá de mote. Supostamente devia ter sido um mega sucesso e foi considerado um fracasso. Mas entretém e até, pasme-se quem quiser, faz reflectir. Em toda a "paranóia" da aparência e do ideal que a sociedade impõe, cobra ou espera de um homem ou de uma mulher ao longo do tempo.


Horas depois um outro filme protagonizado por ainda outras grandes estrelas, Jim Carrey e Tea Leoni, de 2005, intitulado Dick & Jane, ladrões sem jeito, quase me faz ir ao vómito. Não tem ponta por onde se pegue. Podia até ter alguma utilidade ou propósito cómico, mas não. Cena atrás de cena, minutos correm e uma pessoa olha para aquilo e não consegue mesmo deixar de pensar como é possível que alguém perca tempo e invista dinheiro para produzir algo tão sem utilidade alguma. E pensa, revoltado: "mas porquê fizeram esta POR CA RI A?

DOIS filmes de hollywood, um com estigma de fracasso o outro sem "reputação" positiva ou negativa. Prefira o fracasso

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Lendas da Paixão


É um filme que me apraz. Está muito bem transformado para cinema. Vê-lo é quase como soubesse o que o livro diz. Mas isso diz respeito à adaptação. A riqueza da história e das interpretações só fazem enobrecer o resultado final.

A história é simples, rica, profunda e envolvente. É relatada por um velho índio e começa no início do século XX, com lembranças contextuais dos anos anteriores, aquando o governo americano tendo em vista a riqueza das terras ocupadas por índios, deu início a uma luta de posse sem tréguas e, por vezes, sem lei ou moral, optando pelo massacre e extermínio. É nesse contexto que ficamos a conhecer a família de Ludlow, ex-o Coronel do exército que vive na sua quinta de criação de gado em Montana, com os seus três filhos, Alfred, Tristam e Samuel. A esposa deixou-o para viver mais perto da civilização e com ela o coronel e os filhos mantêm relações regulares mas distantes, transmitindo notícias uns dos outros por carta. Com esta família de homens unidos vive uma outra: um capataz e a índia Pet, que têm uma filha criança com o estigma de ser mestiça e o velho índio "Uma facada", que entende perfeitamente inglês mas compreensivelmente se recusa a comunicar na língua do invasor. Vivem em igualdade, comem na mesma mesa, se relacionam como iguais. O velho coronel educa a criança mestiça, ensinando-lhe história europeia, matemática e ciências. O velho índio ensina caça e outros rituais índios ao pequeno Tristan, o mais ligado à natureza. Duas raças unidas pela dor e conhecimento da perda, morte, desgraça e injustiça. Sobreviventes, mais sábias, vivendo e educando a nova geração. 

Três jovens rapazes, uma jovem mulher. Não podia dar certo, não é mesmo? Tudo começa quando Samuel, o mais jovem dos irmãos regressa de uma temporada com a mãe e aparece com a sua noiva. Apresenta-a à família, todos a acham encantadora. Ela é sozinha, já não tem família dela, algo que compadece o velho coronel, que entende bem a perda. Isto fá-la ser especialmente bem acolhida. A presença de uma mulher culta na casa traz alegria e muito agrada a todos. Mas mal Susannah bate os olhos em Tristan, existe ali uma atração por aquele seu lado selvagem, indomável, franco e cru. E Susannah é correspondida. Também Alfred, o mais velho e ponderado, mal vê Susannah sente de imediato uma atração. Mas tratando-se da noiva do querido irmão, Alfred guarda esse sentimento para si. Já Tristan vai acabar por não fazer o mesmo. Numa noite em que o ingénuo Samuel decide partir para se alistar voluntariamente naquela que ficou conhecida como a primeira Guerra Mundial, Alfred surpreende Tristan e Susannah num quase beijo. O coronel é contra os filhos partirem para a guerra ou se envolverem em política, tal é a sua aversão por tudo o que diga respeito ao governo. Ele bem tenta demover o jovem e idealista Samuel, mas é em vão. Nem os apelos da sua virginal noiva demovem Samuel de ir vivenciar um campo de batalha e até vir a sangrar-se um bom soldado combatente, como o foi o pai. Samuel quer conquistar o orgulho do pai mostrando-lhe que também pode ir para uma batalha. Mas o velho coronel sabe o que uma guerra realmente é: um desperdício e uma loucura.

Resignado e impotente, o coronel vê Samuel partir com os seus dois irmãos rumo à guerra na europa. Alfred ainda tem convicções políticas que o fazem ter ideias sobre a guerra mas Tristan segue apenas para manter o irmão mais novo debaixo de olho. Os olhares que o coronel troca com o filho Tristan no momento de despedida deixam claro que este só segue caminho com esse propósito em mente. Tristan, a pesar de ser o mais guerrilheiro e inquieto dos irmãos, não sente necessidade de se envolver nesta guerra. O seu propósito é um único só: manter Samuel vivo e levá-lo em segurança de volta para casa, para o pai.

E no decorrer de vários cenários de guerra nas trincheiras, tanto Tristan como Alfred conseguem manter o irmão são e salvo. Nisto Alfred é atingido pelo estilhaço de uma granada, sendo hospitalizado com um problema de menor gravidade na perna. Nesse dia no acampamento, Tristan cruza-se com Samuel e não perdendo nem por um segundo o seu objectivo de vista, pergunta-lhe onde ele se dirige. Como Samuel vai fazer umas traduções para uma tenda próxima, Tristan segue para visitar Alfred na tenda hospitalar e este logo lhe pergunta pelo paradeiro do irmão. É aí que um outro soldado surge para os avisar que Samuel voluntariou-se para ir fazer o reconhecimento. Uma situação de elevado risco. Os dois irmãos ficam alarmados e Tristan corre atrás de Samuel, disposto a encontrá-lo e protegê-lo. Debate-se entre o campo de batalha, espreita corpos caídos, mata inimigos e grita pelo nome do irmão que, meio atordoado com uma explosão e temporariamente cego pelo fumo, deambula sem conseguir enxergar direito que direcção seguir e chama por Tristan. Quando Tristan o vê, Samuel encontra-se encurralado numa cerca de arame farpado, da qual se tenta libertar e diante dele, dois soldados inimigos montam uma metralhadora para disparar. Tristan grita, Tristan corre, Tristan agarra na sua arma e Tristan dispara e mata os soldados, mas não antes de ver o corpo do irmão ser cravejado de balas de metralhadora. A morte do irmão o faz sentir que falhou no que não podia jamais falhar. Ele ainda tenta carregar o corpo morto como se fosse possível o levar às costas e a pé de volta a casa. E é aí que o seu espírito índio ganha expressão. Tristan pega na faca e espeta-a no peito do irmão morto, arracando-lhe para fora o coração. Ele prometeu que Samuel ia regressar a casa. O pai ia ter o coração para fazer o funeral. Em transe de choque, Tristan marca o rosto com o sangue do coração do irmão e sai furtivamente durante a noite a matar e retirar o escalpe aos inimigos que encontra pela frente. Regressa de manhã usando os escalpes como colares. É dispensado do serviço mas não regressa a casa. Parte para rumo incerto, em luto. 


O tempo passa. Alfred sente-se cada vez mais atraído por Susannah e declara o seu amor, com planos de casamento. Mas o regresso de Tristan retira-lhe quaisquer esperanças ao ver que a reação da moça é de pura felicidade. Nessa noite Tristan e Susannah fazem amor. Alfred percebe e mesmo sofrendo, toma a atitude altruísta e pensando no bem estar de Susannah vai falar com o irmão, exigindo que ele se case e decidindo sair de casa para fazer carreira política na cidade. 

O tempo passa novamente. Tristan e Susannah vivem bons momentos de amor mas a novidade começa a passar e Tristan começa a distanciar-se. Renasce nele uma fúria e inquietação que o estão a tornar agressivo. Um episódio com um bezerro preso no arame farpado fá-lo recordar com fúria o trauma da morte de Samuel. E Tristan parte, para parte incerta e sem garantias de regresso, deixando Sussanah, que promete ali ficar e esperar por ele para sempre.

Tristan conhece o mundo. Dá poucas ou nenhumas notícias e parte, navegando mares, caçando em terras inóspitas, entregando-se a orgias e aos prazeres e excessos. Faz tudo o que um espírito irrequieto e que necessita de viver intensamente precisa, até voltar a sentir vontade de acalmar. Passados muitos anos, Tristan regressa a casa. Susannah está casada com Alfred e vive na cidade. O velho coronel está debilitado, mal consegue falar e arrasta o corpo. Sofreu um AVC anos antes, fruto do choque da leitura de um dos poucos bilhetes que Tristan enviara durante as suas viagens, onde se dizia morto e dava permissão a Susannah para se casar com outro. O preço do gado baixara tanto que a família perdeu o dinheiro que tinha. Tristan regressa e vê no recuperar o nível de vida da família um objectivo. Com a política sempre presente como fio condutor, o velho coronel, feliz com o regresso do seu adorado filho, informa-o que o irmão Alfred, agora senador, votara na lei Seca. Tristan entende o que o pai quer dizer: existe muito dinheiro a ser feito na venda ilegal de álcool e partilhando da mesma aversão do governo, lança-se no contrabando. É um negócio onde outros "tubarões" também navegam, pelo que depressa Tristan se vê ameaçado de morte se continuar as suas ações contrabandistas. Destemido, ele ignora tudo e continua a fazer concorrência a outros contrabandistas, que um dia lhe fazem uma espera, quando regressa de um passeio de automóvel com a família. Com a polícia corrupta pelo meio, alguns tiros de aviso são disparados para o ar para chamar a atenção e uma bala perdida acaba por fazer ricochete e atingir mortalmente a nova esposa de Tristan, a bela Isabel II, a filha mestiça da índia Pet com o capataz, que entretanto se havia casado com Tristan e lhe dado dois filhos. A jovem que não passava de uma criança de 13 anos quando Sussanah chegou à quinta, sempre havia dito que um dia ia casar-se com Tristan  Acabou que o apanhou no seu periodo quieto, após ter extravasado toda a energia que tinha para gastar. No regresso de Tristan  ele encontrou não uma menina, mas uma sedutora mulher de 20 anos.


A morte de Isabel II causa outra morte na família. Susannah percebe que é incapaz de deixar de amar Tristan e comete o suicídio. Tristan, que havia agridido no local o polícia que disparou a arma, foi preso mas depois de ser libertado, arma uma cilada na qual mata os homens que inadvertidamente causaram a morte da esposa. É então procurado em sua casa no intuito de ser morto. Ele pede para fazerem o que têm a fazer no mato, longe do olhar do filho e prepara-se para se entregar quando o velho coronel chega com uma arma e dispara mortalmente em dois dos homens. Nisto um outro dirige-lhe a espingarda. Tristan ainda tenta meter-se na frente da bala mas não chega a tempo. Escuta-se um disparo e o homem segurando a espingarda cai morto ao chão. Não estava mais ninguém ali e Tristan encontrava-se desarmado. De onde partiu o tiro? Foi Alfred que regressava da campa da esposa. Ao deparar com o cenário, não hesitou em defender a vida do pai. Este não lhe falava fazia anos, muito mais duro que era com este filho do que com qualquer outro, havia deixado de lhe falar por se ressentir que este fizesse profissão da política e tivesse alguma razão no que dizia sobre Tristan. 

O filme termina com o retorno solidificado dos laços familiares entre irmãos, pai e dois filhos. Tristan é procurado e terá sempre um mandato de captura em seu nome, pelo que parte para local incerto. Não sem antes conferir a responsabilidade e a honra a Alfred, de criar os seus filhos. O tempo passa, os filhos crescem, notícias surgem de vez em quando, todos morrem e vão fazer companhia ao coração de Samuel, enterrado numa colina perto de casa. Menos Tristan, cuja sepultura é desconhecida, morreu algures no mato durante uma caça. Era assim que estava predestinado.


Cena predilecta
Todo este filme é feito de uma boa cena atrás de outra. Mas ao longo dos anos a parte que mais me toca tem sido a de Alfred diante da sepultura da esposa, o seu desabafo quando diz: "Eu cumpri todas as regras. As de Deus e as dos homens. E tu, nenhuma. E todos gostam mais de ti". 

A cena em que ele confronta o irmão após este se envolver com Susannah também é forte.
E todas as referências que envolvam a inutilidade das guerras que as personagens atravessaram (sucessão, índios etc).


sexta-feira, 1 de junho de 2012

DESTAQUES mês de Junho

Vi, GOSTEI e RECOMENDO

1. Outbreak - Fora de Controlo    dia  1,  Fox Movies,  22h00
2. Mrs. Whinterbourne - O Comboio do Destino       dia  4, AXN White, 21h50
3. La Vita è Bella - A Vida é  Bela    dia 9,  Hollywood,  21h30
4. The War of the Roses - A Guerra das Rosas    dias 16 e 17,  TVC2,  14h35/0h40

Para RELEMBRAR
1. Seven Years in Tibet - Sete Anos no Tibete     dias 17 e 18, AXN White    
2. Christine  -  Christine, o carro assassino   dia 4, Hollywood, 3h25  

Para DESCOBRIR
1. The Smurfs - Os Smurfs     dia 1, TVC2, 21h30  e 2 (TVC1) às 5h35 e 11 às 10h55 (TVC2) e 21h00 (TVC1)